quarta-feira, 1 de junho de 2011

Um bom dia no Rio

O que fazer em 12 horas quando você está em uma cidade linda e não sabe nada sobre ela? 

Acordar meio-dia e ir pegar os ingressos para o show de amanhã, o qual será o melhor de sua vida. Normal. Pegamos um ônibus para a Alvorada e depois para o Méier, descemos perto do local do show, o bairro Engenho de Dentro e fomos até o Engenhão. Comunidade simples, com uns moleques jogando bola na rua num calor digno de Rio de Janeiro. (É, estamos no Rio e vamos ao show do Paul McCartney. Foda).

Pegamos os ingressos. E agora? Vamos conhecer o Rio de Janeiro, mas aonde ir? “Bora pra Ipanema?”, disse o Joel, “bróder” deste que escreve. 

Trem sujo e velho saindo do Engenho e indo pra Central do Brasil. A Central estava vazia e pensamos que seria maior. Óbvio que falamos do filme. De lá, metrô pra Ipanema. Andamos umas três quadras e chegamos à praia, à areia, ao calçadão das novelas e do imaginário de qualquer brasileiro que não foi à Ipanema. Como não podia deixar de ser a praia é linda, mar azul, areia fofa que faz barulho quando você pisa. Mó legal.

Pelos arredores da orla, existem ruazinhas cobertas pelas grandes sombras das árvores. Os bares caros abrigam gente importante (diferenciada?) que só empurra um chopp para o estômago sem ter pressa para nada. Você estão no Rio, pressa para quê? Queríamos um lugar barato para comer, então soubemos da existência de um McDonalds para salvar o almoço. Já eram três da tarde.

A procura desse McDonalds foi a melhor coisa da viagem. Andando pelas ruas de Ipanema não sabíamos para onde ir e, exatamente por isso, cada passo incerto era o mais convicto. É ótima a sensação de não saber o que fazer mas não estar perdido. De querer conhecer tudo o que vier não importando o caminho.

“Esquerda ou direita?”

“Direita.”

Simples.

A esmo, caminhamos pelo calçadão. O que víamos era gente de novela das oito mesmo. Chegamos à conclusão de que o carioca que não faz academia sofre bullying. Vamos botar o pé na areia. Emprestamos uma cadeirinha de praia e sentamos ao lado de duas meninas bonitas, bem brancas. Olhamos pra frente, só o mar e umas ilhas que os cariocas sabem os nomes e nós não. (Que diferença faz?) “A nossa vida não é tão ruim assim.”

Eram umas três horas da tarde, quase quatro. Novamente não fazia diferença.

Levantei e perguntei para as meninas o que tinha pra fazer no Rio numa tarde/noite de domingo. As garotas são simpáticas e francesas, e respondem que sempre tem alguma coisa na Lapa. Helena e Justine fazem quatro anos que estão no Brasil e falam, para o meu alívio, português.

Tá, vamos para a Lapa. Mas aonde é a Lapa? A gente descobre. O que tem na Lapa? “Samba?! Sei lá, vamos ver.”

Antes, ouvimos um som do outro lado da orla, parecia um show, e era do lado do Arpoador. Esquecemos o concerto (era o Viradão Carioca, a Virada Cultural deles) e subimos aquelas pedras para ver o finzinho de pôr-do sol. Estava muito escuro. Cinco e meia da tarde já escurece muito no Rio. Descendo das pedras, encontramos a Colors, amiga do Joel. Ela disse que a Lapa é o lugar. Beleza, vamos pra lá.

Mais metrô para descer na Cinelândia e ir a pé para os Arcos da Lapa. Mais tarde voltaríamos ali para encerrar a noite ao lado do Circo Voador. Enveredando pelas ruas da Lapa, achamos a Rua Mem de Sá que abriga os bares do bairro. Molhamos a garganta de cerveja em três bares: um bar chique, de malandro (que tocava música de malandro, sério, tocou); uma lanchonete como qualquer outra e um boteco sujo, pequeno... gastamos mais tempo com a última opção, é lógico.

Saindo dos bares da Mem de Sá, ouvimos que o Sublime ia tocar no Circo Voador, que é ali atrás dos Arcos da Lapa.

“Deve ser o cover do Sublime...”

“Não, é o Sublime! Tem o Rome no lugar do cara que morreu, mas é o Sublime!”

Claro que fomos ver qual é que era. Chegamos aos fundos do Circo Voador, do lado de fora. Não dava para ver nada, mas, incrivelmente, dava para escutar tudo muito bem. Uns caras que foram expulsos do show por rusgas canábicas com um segurança se juntaram a nós. Explicou que levou porrada, foi expulso do show, mas ainda sim estava felizão. A esse ponto o skazinho do Sublime já fazia a galera dar aqueles passinhos de reggae (toscos, mas irresistíveis). Umas 10 pessoas ficaram ali nos fundos do Circo Voador curtindo a vaibe do domingo à noite e quando “Santeria” começou, o domingo podia acabar. Joel e eu, nos fundos do Disco Voador, no quintal do mundo, sabíamos que aquele foi um bom dia.

 

    

Um comentário:

  1. apesar de narrar tudo se vc for parar pra pensar ainda falta muito...comentário de quem estava la.

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